Primavera.. Época da exacerbação de doenças alérgicas e rinites. E de piora do sono de quem tem alergia também.

É importante avaliar se os sintomas nasais interferem no sono do indivíduo e provocam ronco, apneia, sensação de fadiga ou sonolência diurna. Essas queixas podem ser decorrentes de efeito mecânico direto (obstrução das vias aéreas superiores) ou efeitos indiretos (pela inflamação das vias aéreas decorrente do processo alérgico).

É comum os pacientes se queixarem de piora da obstrução nasal à noite ao se deitarem, o que parece ser influenciado pelo ritmo circadiano, pois costuma ocorrer congestão da mucosa nasal durante a noite e nas primeiras horas da manhã.

A congestão de ambas as cavidades do nariz leva à respiração bucal, deslocando a base da língua em direção à parede posterior da faringe. Isto resulta em maior dificuldade respiratória e predispõe ao ronco e ao colabamento das vias aéreas superiores (apneia).

A hipóxia tecidual (baixa oxigenação) devido a respiração oral provoca alterações na qualidade do sono, com despertares breves (dos quais nem sempre temos consciência ou lembramos), fragmentando e reduzindo o tempo de sono, especialmente das fases mais reparadoras (sono de ondas lentas e sono REM (movimentos oculares rápidos – sono dos sonhos).

Além disso, a obstrução nasal pode dificultar o uso e a adesão ao tratamento daqueles pacientes que são portadores de apneia do sono e usuários de CPAP.

A má qualidade do sono per se pode justificar a sonolência no dia seguinte, o que também pode ser agravado pelo uso de algumas medicações para o tratamento da rinite. 

A piora do desempenho nas atividades diárias e das funções cognitivas (aprendizado) em razão do sono ruim ou de medicações sedantes costuma se refletir, nas crianças, em déficit de aprendizado e faltas a escola. Nos adultos, há maior risco de acidentes durante a operação de máquinas ou condução de veículos, além de piora da eficiência em tarefas que requeiram atenção.

Estudo realizado no interior de São Paulo (Rev. bras. alerg. imunopatol. – Vol. 31, Nº 6, 2008) apontou uma freqüência significativa de queixas relacionadas ao sono em indivíduos com rinite: sonolência diurna (29,4%-62,7%), dor de cabeça pela manhã/cansaço ao acordar e fragmentação do sono (33,3%) e ronco noturno (27,5%). 

Por isso torna-se fundamental a necessidade de incluir no tratamento das rinites a orientação das medidas de higiene ambiental, especialmente do ambiente de dormir, e higiene do sono nestes pacientes, como forma de prevenir distúrbios respiratórios obstrutivos e suas repercussões na qualidade de vida.

Valorize seu sono!