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A felicidade é algo pessoal mas pode ser compartilhada. Somente nós – e mais ninguém – podemos criar as condições para uma vida plena e feliz.

Entretanto, a assim chamada “ciência da felicidade” – uma série de estudos realizados por psicólogos, sociólogos, economistas e médicos – tem estudado uma série de fatores e escolhas que realizamos durante a vida e que podem nos afastar ou nos aproximar de estados de bem-estar subjetivo e psicológico.

Neste livro, Rafael Reinehr, médico endocrinologista e fundador da Coolmeia, Ideias em Cooperação – uma incubadora de ideias e soluções altruístas voltadas ao Bem Comum, revisa boa parte destes estudos e traz luz sobre algo que é muito desejado mas, incrivelmente, não é ensinado em nossas escolas ou espaços de aprendizagem: de que formas podemos trazer para perto uma vida feliz e repleta de bem-estar?

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“Associamos Felicidade com conquistas, mas a Felicidade está no fato de que, naquele momento, paramos de buscar. Felicidade tem a ver com o fim da busca.”
– ensinamento budista

A ideia desde livro surgiu após a leitura de um estudo científico que demonstrava que um método de 9 semanas, incluindo meditação e psicoterapia, era capaz de aumentar a compaixão dos estudados que, por sua vez, beneficiavam-se da redução dos níveis de cortisol e interleucina-6, e desta feita, acabavam por ter vários benefícios crônicos para sua saúde individual, bem como passavam a ter um comportamento socialmente desejável e positivo, que é o de ocupar-se com o bem-estar de outros seres.

A metodologia usada na maior parte dos artigos foi a que segue: pesquisa de um tema, escolha de um ou mais estudos científicos que o ilustrasse e comentários focados neste tema, baseados nas minhas percepções pessoais derivadas de estímulos e aprendizados prévios recebidos em vários momentos da vida.

O cérebro humano é plástico. Adaptável. Mutante. Desgasta-se com o conflito, expande-se com a tomada de consciência, com o discernimento. Pode mudar fisicamente, de forma organizada, promovendo a cura de danos infligidos durante anos de mau funcionamento decorrente de percepções incompletas ou errôneas da Natureza.

Conhecer os fatos não nos livra do fardo das incertezas antes de tomarmos decisões de longa duração.

Não podemos tratar a busca da felicidade como um painel no qual nossas decisões são definidas como verdadeiramente boas ou falsas. É mais uma questão de possuir respostas melhores ou piores, em cada situação. Resolver uma parte do quebra-cabeças pode ter consequências inesperadas para outras partes do problema. Partindo de um pressuposto científico e racional, a busca pela felicidade nunca cessa. A felicidade não é definitiva ou infinitamente alcançada. A busca da felicidade, nesta perspectiva, requer um trabalho permanente e alguma tentativa e erro também.

E é nesse fio de navalha, nessa corda bamba, neste eterno ziguezaguear que nos encontramos, dançando ora sozinhos, ora acompanhados, experimentando momentos de júbilo e contentamento, entremeados com momentos de solidão e sofrimento.

Como nos ensina, entretanto, o sábio conhecimento oriental, por mais que busquemos (e encontremos) felicidade em nosso caminho, a sensação de uma felicidade contínua e plena só será encontrada quando nos encontrarmos com o deixar fluir, e cessarmos a busca.

Como em toda jornada, cada passo nos traz uma aprendizagem. Vamos juntos percorrer os caminhos que podem nos levar a uma vida satisfatória e cheia de bem-estar, a partir dos pontos-de-vista científico, espiritual, sociológico e psicológico. Quem sabe, esta jornada sirva para que, ao final, estejamos realmente prontos para abrir mão de tudo que buscamos até então e declarar para nós mesmos o fim da busca.