Desde pequenos somos ensinados que a vida é uma série de realizações, ouvimos sobre as coisas que devemos fazer para construir o futuro, o passo a passo da vida, de realizações para chegarmos a posições e papéis que são considerados importantes, conquistar status, termos uma faculdade, um emprego que nos dê dinheiro suficiente, fazer uma pós graduação, intercambio, que precisamos casar, ter filhos enfim, a lista é infinita…
Somos cobrados diariamente por desempenho em casa e no trabalho e parece que a felicidade está sempre no próximo passo que iremos dar, então é preciso completar algo hoje para poder evoluir para outra coisa amanhã e assim vai, estamos sempre insatisfeitos com o que temos hoje, pois estamos sempre olhando para o que queremos ter amanhã.
Aprendemos que fazer e ter é mais valioso do que meramente ser, e que aproveitar ao máximo a vida é uma questão de avançar rapidamente, fazer coisas e estar em lugares, a ponto de bater ansiedade, as vezes, pelo simples fato de estarmos em casa “fazendo nada”. Somos ensinados que temos que fazer muitas coisas e ainda fazer essas coisas rapidamente, para fazer mais e chegar mais rápido.
No entanto, à medida que caminhamos para a frente em busca do próximo passo, nos encontramos cada vez mais atormentados e desconectados. E mais importante, deixamos de notar as pequenas coisas da vida que são o que realmente fazem tudo valer a pena.
Quando aprendemos a desacelerar, nós nos damos o dom do tempo – tempo para satisfazer a nossa curiosidade, para aproveitar o momento, para apreciar maravilhas mundanas, para sentar e pensar, para se conectar com os outros e para explorar nossas paisagens interiores mais plenamente e redescobrimos aspectos que aparentemente não tem importância.
Uma vida saboreada lentamente não precisa ser passiva, ineficiente ou preguiçosa. Conduzir-nos em um ritmo mais lento nos permite ser seletivos na forma como gastamos nosso tempo e apreciar plenamente cada momento que passa. Lentidão pode até ser uma benção em situações que parecem exigir pressa. Quando desaceleramos por alguns momentos, mesmo que em situações de assuntos urgentes, podemos nos centrar antes de avançar com os nossos planos. Abraçar a simplicidade nos permite gradualmente tirar de nossas vidas compromissos e atividades que não nos beneficiam de nenhuma forma.
O tempo extra que, consequentemente, ganhamos pode parecer vasto, vazio ou desperdiçado. Mas à medida que aprendemos a desacelerar, logo percebemos que eliminar a rapidez desnecessária de nossas experiências nos permite preencher esse tempo de uma forma construtiva, gratificante e agradável.
E assim, as refeições tornam-se celebrações meditativas de nutrição, um trabalho bem feito torna-se uma fonte de profundo prazer, não importa qual seja a sua natureza.
Podemos incluir ou resgatar hábitos que já não nos dedicávamos mais, podemos começar algo novo, saborear rituais matinais, passar mais tempo com pessoas queridas, mergulhar plenamente em nosso trabalho e aproveitar as oportunidades para nos nutrirmos todos os dias de maneira física, mental e espiritual.
Você pode achar difícil evitar ceder à tentação de se apressar, especialmente se você se adaptar a um mundo de comunicação rápida, telefones celulares, e-mail e agendas transbordantes. No entanto, a sensação de realização contínua que você perde quando você desacelerar será rapidamente substituída por sentimentos de contentamento magnífico. Um ritmo mais relaxado abrirá sua mente e coração para níveis mais profundos de consciência que ajudam você a descobrir a verdadeira satisfação de estar vivo.
E lembrem-se: ir mais rápido não significa ser melhor. Desacelerar traz muito mais foco para o que se está fazendo e consequentemente aquela atividade vai ter muito mais dedicação.
Dica: Pratique mindfulness para ajudar nesse treino!