Quantas vezes por ano você precisa usar uma furadeira na sua casa? Economistas atestam que as coisas se pagam principalmente pelo uso. Isso significa que não faz muito sentido comprar um equipamento caro e durável que será usado esporadicamente. Um bom motivo para pensar em uma vida mais colaborativa. Se ampliarmos, por exemplo, para todos os vizinhos da nossa quadra, vamos perceber o quanto uma única furadeira:
- Terá mais uso
- Dá conta de atender a todo mundo
- Vai custar bem menos para comprar
- Vai se pagar em menos tempo.
Na outra ponta desse processo, o uso colaborativo de materiais significa uma infinidade de matéria-prima a menos a ser retirada da natureza. Menos energia, menos transporte, menos embalagem, menos degradação ambiental e mais distribuição e acesso.
Essas são algumas das possíveis consequências de um novo modelo de relação econômica que vem ganhando força: a economia colaborativa. Nesse princípio, o que importa não é o lucro monetário individual, mas a possibilidade de realizar as tarefas pessoais ou coletivas com a mínima influência possível do dinheiro.
Produtos e serviços serão sempre emprestados, alugados, trocados ou compartilhados entre duas ou mais pessoas. Esses processos que constituem a economia colaborativa permitem que as pessoas tenham cada vez mais acesso gastando cada vez menos e reduzindo significativamente a demanda pela produção de coisas no planeta.
Economia colaborativa na prática
Existem inúmeras formas de colocar a economia colaborativa em prática. Alguns projetos podem ser bem simples. Digamos que Marcos tem uma furadeira, Paulo tem uma roçadeira, Fernando tem uma caixa de ferramentas e Luiz tem uma escada.
Os equipamentos ficam guardados em um local acessível a todos. Sempre que alguém do grupo precisa, retira, usa e devolve. As coisas deixam de pertencer a uma pessoa só e passam a ser de um coletivo.
E além do uso particular de cada equipamento, também pode haver troca de conhecimento ou do serviço. Marcos pode pendurar um armário para Paulo enquanto Paulo roça a grama para Marcos. Tudo isso pode ser aprimorado incessantemente de acordo com as necessidades e disponibilidades dos envolvidos.
Economia colaborativa contemporânea
As relações colaborativas estão presentes nas civilizações humanas desde que o mundo é mundo. O conceito foi mais sistematizado na última década e um dos seus grandes impulsionadores foi a internet, especialmente com o advento das redes sociais e dos aplicativos. Um dos pensadores mais conhecido desse formato é o escritor Lawrence Lessig, criador do Creative Commons.
Esses dois últimos itens favoreceram a transformação das relações, que deixaram de ser verticalizadas e hierárquicas para se tornarem mais horizontais, em rede. Embora a distribuição da riqueza ainda não seja igualitária e justa no planeta, esse novo modelo de relação provoca alguma mudança nos parâmetros.
Não há mais o modelo único de emissor-receptor. Todos produzem e todos recebem ao mesmo tempo. Junte-se a isso, a constante crise econômica e social que empurra as pessoas a pensarem mais sobre meio ambiente, buscando hábitos mais sustentáveis e econômicos ao mesmo tempo. A colaboração se torna uma questão de sobrevivência.
Dessa forma, a carona deixa de ser um hábito praticado somente com o meu restrito círculo de amigos e passa a se expandir para qualquer pessoa, minha casa de praia pode ficar bem menos tempo ociosa ou posso contar com alguém para olhar os meus cães enquanto eu estiver fora. Basta que outras pessoas tenham o mesmo aplicativo que eu no celular.
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