*Por Sirina Wadud.

A aula do Guilherme Boulos ontem mexeu tanto comigo que ainda estou em convulsões neuronais.
Ele falou sobre as razões ou motivações que levam as pessoas a aderirem aos encontros religioso – a tal cola que as igrejas, por mais daninhas que sejam, conseguem promover. Essa cola que nos falta enquanto sociedade culturalizada consumista. Enquanto o ouvia, pelo celular alguém que o conhece me pediu para transmiti-lo um abraço.

Um abraço.

O exemplo que o Boulos deu sobre as igrejas foi o de uma senhora que alegou nunca haver sido lembrada em seus aniversários, e depois que entrou pra igreja sempre haviam comemorações com bolos e felicitações, e, desconfio que com abraços.

A solidão a que fomos submetidos pela cultura consumista, individualista, competitiva, nos desconecta dos nossos próximos e adoecemos na coletividade. Me parece a melhor definição de zumbi.

“Um abraço a ele. Diga que foi eu que mandei.”

Quando Freire, Gaiarsa e outros falam que o Amor é uma ameaça ao sistema, eles acertam “no nervo e de bico” – como diz o Nicolelis -, porque é essa a cola que deve nos unir como sociedade. O sistema só tem a segregar, ele lucra com isso.

Há algumas semanas fui encontrar uma amiga num shopping e fiquei observando aquelas pessoas todas comprando e comendo. Consumindo. Naquele dia eu sentia uma tristeza enorme e saí de casa pra parar de chorar. Quando entrei no shopping e observei as coisas todas limpas, arrumadinhas, e expostas em vitrines cristalizadas, tive vontade de comprar. Satisfazer desejos materiais de coisas que até então não eram necessárias.

E pensei se aquelas pessoas todas ali naquele centro comercial – atentem – também estavam disfarçando suas dores consumindo coisas desnecessárias.

Um abraço. Uma cola que nos fortaleça também enquanto corpos políticos. Porque precisamos resistir ao zumbizamento social que só favorece aos podres poderes.

“Só podemos odiar – ou temer – do amor, pois nada compromete mais as pirâmides de poder.” GAIARSA, p17.

Fonte da imagem: PublicCo/Pixabay.