Não. Não estamos sugerindo que você volte ao tempo da casinha e do sabugo. Também não precisa exagerar para alcançar a sustentabilidade, né? Mas, falando em exagero, já parou para pensar no impacto do papel higiênico na nossa vida e na vida do planeta?

Um hábito já tão naturalizado que sequer observamos, mas que causa
impacto do início ao fim da cadeia produtiva. Com base em um cálculo do BNDES feito
em 2008, o Brasil gasta uma média de 12 bilhões de rolos de papel higiênico por
ano. De acordo com a ONG ambiental estadunidense Wolrdwatch Institute, ele é o
responsável por 15% do desmatamento no planeta.

Bem. As pessoas fazem número 1 e número 2 desde que a humanidade surgiu sobre a Terra, mas nem sempre foi só puxar o papel e fazer o serviço de limpeza. Pelo menos não da maneira como fazemos hoje. Sim! Já vivemos em uma era sem papel higiênico. E olha que sustentabilidade ainda nem era um assunto em pauta.

O papel higiênico como conhecemos é uma invenção recente na nossa história. Não há registros sobre o seu surgimento, mas, ao que tudo indica, foi na China, no século 6. O curioso, é que existem textos afirmando que os chineses eram relapsos com a higiene pessoal justamente por “apenas” se limparem com um papel depois de fazerem o trabalho sujo.

Ou seja: muito antes de um espertinho estadunidense patentear o papel higiênico em rolo no século 19 e o produto se tornar uma necessidade de primeira ordem ao redor do mundo, nós dávamos um jeito de ficarmos até mais limpos e saudáveis na hora de “expelir as sobras”.

Limpeza ecológica

Existem mil maneiras de limpar o bumbum e garantir a sustentabilidade do planeta. Quase todas já foram testadas, seja por falta de papel higiênico mesmo ou por opção de quem quer contribuir com a redução dos impactos ambientais. Há um movimento crescente pelo fim do uso do produto e inúmeras alternativas para quem está afim de aderir. Bastante gente leva a sustentabilidade bastante a sério.

Vegetais

Antes do surgimento dos primeiros papéis higiênicos da China, os próprios chineses davam seu jeitinho e se limpavam com folhas vegetais. Mesmo costume detectado em diferentes partes do mundo. Normalmente, as folhas usadas eram de chás e ervas que já continham propriedades antissépticas ou algum perfume como a hortelã e o boldo que de quebra ainda tem uma consistência mais macia e aveludada.

Cá nos trópicos, yes! We have folhas de bananeira! Depois de seca, ela tem alguma absorção e com pedaços sobrepostos, não tem o perigo de furar no meio do processo. A vantagem em todos os casos é o material 100% renovável e biodegradável, dois princípios básicos que garantem a sustentabilidade de consumo. A desvantagem é que, dependendo da planta, pode causar irritação nas partes íntimas, por isso, é preciso muito cuidado na escolha (aka urtiga).

Outro cuidado é com o descarte das folhas usadas. Para que não haja risco de contaminação sanitária, elas precisam ser depositadas em uma composteira específica e o adubo tem que ser usado exclusivamente em plantas de ciclo longo como árvores, jamais na horta.

Toilete = toalete = toalha

Em 2014, um grupo de blogueiras estadunidenses parou a internet quando contou ao mundo que haviam ficado um ano sem usar papel higiênico. Elas aderiram ao hábito do paninho. Ou melhor: elas recuperaram um hábito antiquíssimo de higiene pessoal que já era utilizado inclusive pelos chineses antes do papel. As toalhinhas da nobreza, aliás, eram de seda.

E tem um monte de gente fazendo isso.

O modus operandi é o seguinte: você tanto pode comprar panos novos para esse fim como pode reaproveitar pedaços de roupas, toalhas e cobertores que não usa mais, desde que sejam macios e estejam limpos. Eles ficam guardados em uma caixa próxima ao vaso sanitário.

Depois de usados, vão para um recipiente bem fechado e, periodicamente, são lavados e esterilizados separadamente das outras roupas. Uma solução de vinagre, bicarbonato de sódio e um óleo vegetal como o de limão ou citronela podem ser usados para desinfetar e perfumar os panos. Os produtos usados para a lavagem permitem a sustentabilidade de todo o processo já que não poluem o meio ambiente, diferente dos produtos químicos empregados na fabricação do papel.

Papel ecológico

Se você não consegue abrir mão do papel higiênico, mas se preocupa com a questão ambiental, há algumas alternativas que não deixam de ser impactantes, mas são um pouco menos. Além do cuidado básico de escolher um produto biodegradável, agora também é possível comprar um papel higiênico à base de bambu e açúcar de cana.

No entanto, ele não é fácil de ser encontrado no Brasil. Aqui, vale incluir um lembrete: papel higiênico fabricado a partir de materiais reciclados não é recomendado por conter produtos químicos presentes na matéria-prima.

Água de lavar

De todas as alternativas anteriores, ela ainda é a melhor escolha. O ideal, tanto segundo os ambientalistas quanto os médicos, é voltar dez casas e retomar o hábito de simplesmente se lavar a cada ida ao banheiro. Isso gasta muito menos água do que a produção do papel e é mais higiênico e seguro. Esse método leva em conta a sustentabilidade da sua saúde e da saúde do planeta.

O aval é dado pela médica acupunturista Maryangela Lopes Darella. “Não se deve usar nada sólido para limpar a região anal, que é muito delicada. Além do mais, papel higiênico não limpa e tem que passar muitas e muitas vezes. Vai acabar machucando. O que se tem que fazer é simples: lavar a região com água e secar levemente com toalha específica”, explica. A dica dela é acoplar uma ducha higiênica ao bacio. Existem vários modelos à venda nas lojas de materiais de construção.

E você? Tem alguma ideia para reduzir o uso de papel higiênico? Conta pra gente! Deixe seu comentário e ajude a manter o mundo mais limpinho e feliz.