supermãe

Lembra-se do exemplo do pai viciado e violento? (Leia o post anterior) Foi um exemplo extremo para facilitar o entendimento sobre como relações familiares interferem em vários aspectos da nossa vida. Mas, vou acrescentar aqui uma versão mais comum dessa história: o modelo família “perfeita”, rss… ou, nem tanto…

Você pode ter vivenciado ou conhecido uma família assim, onde tudo parece normal e estável. O que marca esta família é a SUPERMÃE que cuida muito bem do lar, da casa, da família e, às vezes, até das despesas. Ela dá conta de todo o serviço e se orgulha disso. Ela é a rainha do lar.

Na educação dos filhos, ela deixa claro, todos os dias, o quanto eles precisam dela, o quanto ela é responsável por tudo, o quanto ela é dedicada. Veladamente ou nem tanto, ela sempre deixa escapar o quanto ela é maravilhosa e o quanto todos precisam ser gratos a ela. E os filhos se acostumam com essa dita normalidade.

Mas ela tem suas reclamações, basicamente, quanto ao marido. “Ah… ele deveria ser isso…, fazer assado…, mas se ele tivesse aquilo…”. Todos os dias ela deixa claro para os filhos que ela consegue fazer tudo, APESAR do PAI. Ela esclarece em entrelinhas ou até mais abertamente, o quanto o PAI mais parece um empecilho. Para ela, ele parece não acrescentar nada. Talvez, ela tenha também muitas queixas da família dele… e sempre que ela tem chances, ela destila seu veneno em baixas, mas constantes doses.

Nesse caso, na dita normalidade do dia a dia, os filhos acreditam que realmente é a mãe a toda poderosa e o pai, um pobre coitado. Às vezes, isso faz o filho nutrir um sentimento de dó ou pena do pai. Em outros casos, nasce um sentimento de revolta e raiva contra o pai, “que deveria ter atendido as exigências da mãe”. O fato é, que para o filho, a mãe está lá em cima e o pai lá em baixo. E neste caso, o filho se posiciona ao lado da mãe, que é a grande provedora do amor e do cuidado.

Assim como no exemplo do pai viciado e violento, quando os filhos se posicionam ao lado da mãe, eles deixam o papel de filhos e passam para o papel de “parceiros”. Neste caso, os filhos não se sentem livres para amar o pai como ele é, pois seria uma deslealdade à mãe. É claro que este é um processo inconsciente. Assim, o fluxo do amor para o pai fica comprometido ou até bloqueado. Mas o amor é grande demais, e ele permanece lá, escondido. E o amor velado causa problemas.

Mais tarde, quando adultos, os filhos que continuam intimamente “parceiros” da mãe, não estão disponíveis para outro parceiro. Isto explica muitas das reclamações do tipo “parece que meu marido é casado com a mãe” ou “ele não saiu da barra da saia da mãe até hoje” ou “não sinto que ele está realmente comigo”. E é isso mesmo, o filho se mantém ‘casado’ com a mãe, pois no seu íntimo, se posicionou do lado dela, ‘contra’ o pai. E assim, por maior que seja a boa vontade, ele não estará disponível para sua namorada/esposa.

No exemplo do pai viciado e violento, o filho que por lealdade à mãe não pode amar o pai abertamente, tende fazê-lo veladamente, repetindo o comportamento do pai, bebendo e batendo na esposa. Ou no caso da filha, ela pode se casar com um homem viciado e violento. Em ambas as situações, seria uma maneira velada de honrar o pai.

Estes são apenas exemplos para ilustrar que entre você e seus pais, existe uma hierarquia. Eles te deram o bem mais precioso, a vida. Eles são grandes e você, o pequeno, e cabe a você honrar isto, sem julgamentos. Os exemplos ilustram a quebra desta hierarquia, pois ao julgar ou fazer exigências aos seus pais, você se torna grande diante deles.

Observe o que acontece quando existe uma quebra da hierarquia:

Por fidelidade aos pais, você, no máximo, fará igual a eles, mas, mais provavelmente fará pior. 

O julgamento e as exigências bloqueiam o natural fluxo do amor, e transforma força em fraqueza. Por isto, se diz que “o amor que cura é o o mesmo amor que adoece”.

Como é a imagem dos seus pais no seu coração? Pense bem, e não se surpreenda se seus relacionamentos refletem suas respostas.

Não é uma questão de julgamento. Pois não importa se o seu pai e/ou sua mãe te abandonaram! Não importa se eles foram violentos com você! Nem se ela e/ou ele te tratam como capacho! Nem mesmo que você seja fruto de um estupro!

Você não é filho de chocadeira!

Logo, você tem pai e mãe e eles te deram a vida. Este é o fato, e precisa ser honrado!

Eu sei, que para muitos, honrar os pais, pode parecer doloroso e até irritante. Honrar é reconhecer o direito do outro de pertencer.

Dar um bom lugar no coração àqueles que deram a vida a você é um ‘santo remédio’! 

Metade de você é pai e metade de você é mãe, a genética está aí para comprovar isto! E se você desvaloriza um deles ou ambos, você desvaloriza a si mesmo! Não dá para dizer ao mundo: Eu tenho valor, só pela metade!

 Como você pretende que o outro te valorize se você se desvaloriza parcial ou completamente?

Eu sei que olhar para tudo isto pode ser muito doloroso e difícil…

A maioria das pessoas não param para refletir sobre as raízes dos seus problemas. Nos próximos posts vou apresentar outras dinâmicas familiares que podem estar ocultas atrás das dificuldades de relacionamento.

Transformar o nosso íntimo é possível, e sem dúvida, o trabalho de Bert Hellinger com as Constelações Familiares é uma abordagem eficiente e rápida.

Nada muda se você não mudar!

Como seria se permitir constelar?
Continuamos no próximo post…
Comente o post, deixe sua opinião e suas dúvidas, será uma satisfação respondê-las.
Um carinhoso abraço.
Lara Silva