Depois do almoço de domingo, bateu aquela preguiça. Estávamos no sítio, curtindo todos juntos. Mas eu notei um olhar bem triste de uma pessoa querida, que aqui vamos chamar de Maria José.
Fui conversar com ela e perguntei como ela estava. Ela desabou chorar e depois que se acalmou um pouco, me confessou que estava pensando em suicídio.
Quem você está seguindo? Eu perguntei.
No mesmo instante, ela me olhou muito triste e disse: ‘ Minha mãe, ela se matou quando eu era criança.’
A menina que a Maria José foi um dia, ficou sozinha, sem a mãe. Sem explicações, sem despedidas, sem justificativas, sem respostas. Apenas medo, raiva, tristeza, culpa, desolação, desespero,abandono … E era apenas uma menina.
Sua mãe, repentinamente, excluíra-se do sistema familiar.
Segundo Bert Helinger, os destinos da famíia se entrelaçam de modo inconsciente. Assim, se há algo pendente ou mal resolvido dentro da famíia, os destinos tendem a se repetir. Não é raro, perceber situações que se repetem numa família, como doenças, divórcios, fracassos finaceiro e no trabalho, suicídios, vícios, acidentes …
Hellinger nos revelou as três leis do amor: pertencimento, ordem e equilíbrio. Você não precisa conhecer nem acreditar nestas leis, mas a a infração delas leva a danos para todo o sistema famiiar.
Pela ordem, os membros mais velhos tem precedência aos mais novos. Mas quando fere-se o direito de alguém pertencer ao sistema familiar, por um motivo justo ou não, os mais novos, quebram esta ordem numa tentativa inconsciente e sem sucesso para reequilibrar o sistema, tomando para si o destino daqueles que foram excluídos do sistema. E assim, perpetua o sofrimento, movido por um amor dito infantil, que cega, que adoece, pois não olha para a solução.
Não importa se alguém foi excluído por ter um comportamento inadequado, suicídio, rejeição, aborto, acidentes, divórcios, doenças, vícios, fracassos, assassinatos, esquecimento… Todos tem o mesmo o mesmo direito de pertencer. O sistema familiar não aceita exclusões e tende restabelecer o equilibrio repetindo o destino do excluído nas novas gerações.
Olhar para a solução é acolher o excluído no coração, sem exigências a ele ou ao seu destino. É olhar para a dor dele e dizer sim ao que foi, como foi. Este é o AMOR que restabele o equilíbrio do sistema familiar com sucesso. Costumo dizer para meus clientes que tudo o que a Constelação faz é desbloquear o fluxo do AMOR, que vem através da famíia, para o cliente. Os milagres depois da Constelação se devem ao AMOR.
Seguir a mãe no suicídio não resolveria nada. Mas inconscientemente, a Maria José se sentia ligada a ela pelo amor, mas aquele que cega e adoece. O AMOR que cura é aquele que olha para a mãe. Simplesmente olha e diz SIM ao destino dela, sem querer bancar o “herói” que a resgataria ou segui-la apenas por lealdade.
Não costumo usar o racional no meu trabalho com as Constelações. Pois apesar de se suspeitar de uma dinâmica assim no caso da Maria José, sempre deixo a Constelação seguir e mostrar por si mesma onde está o emaranhamento que mais afeta o cliente. Assim, é a Constelação em sintonia ao coração do cliente que encontram uma boa solução.
Sendo assim, considero de extrema relevância constelar em casos de ideação suicida. E é justamente nestes casos, que é mais comum a necessidade, algum tempo depois, de fazer nova Constelação. Isto acontece, pois podem haver vários emaranhamentos sistêmicos envolvidos.