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Este é o título desta coluna, mas por que este título aqui? O que ele significa?

Nesta coluna semanal, pretendo propor outras maneiras de ver, de entender, outras interpretações e leituras. Sou apaixonado por perguntas, prefiro as perguntas do que as respostas. Acredito que são as perguntas que movem o mundo e o homem e não as respostas. Um bom perguntador pode ir mais longe do que um bom respondedor. Portanto, frequentemente me pergunto se não há outra maneira de entender certas coisas, certos aspectos da vida. Pergunto-me se é realmente assim a única maneira de viver e entender a vida. Não quero ficar engessado num jeito só, na mesma visão de mundo. Tem uma frase de uma música do Raul Seixas que me acompanha como lema há muitos anos: “Eu prefiro ser uma metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”.

Então já deu pra notar que não vou escrever sobre verdades prontas, sobre conhecimentos acabados. Proponho-me experimentar e precisarei do retorno e da colaboração dos ilustres leitores e leitoras. Quanto mais compartilharmos, mais enriqueceremos esta coluna. Já é sabido que andorinha solitária não faz verão e que duas, três, quatro cabeças pensam melhor que uma, se não se baterem.

Observo muito a vida ao meu redor, as pessoas e a natureza e vejo que às vezes parecemos um pouco bitolados, presos na rotina e na mesmice, na repetição automática. Mesmas ruas, mesmos ambientes, mesmo lugar na mesa, mesmos gestos, mesmos costumes, mesmo trabalho, mesma empresa, mesmas ideias. Quem sabe tentemos aqui inverter um pouco o rumo das coisas.

Um dos motivos pelo qual procuro me manter questionador é que o homem já teve muitas certezas. Já teve certeza de que o sol girava em torno da terra e que a terra era plana. Já teve certeza de que o átomo era uma esfera maciça e indivisível. Hoje, para nós, nada mais absurdo do que estas ideias. E quanto às ideias que temos hoje, será que daqui a cem ou trezentos anos não estarão rindo delas, e de nós?

Será que estamos mesmo enxergando ou novamente estamos enganados? Porque lá atrás poucos se arriscavam a duvidar e os que questionavam eram “crucificados” pela sociedade da época. Mas aqueles poucos estavam certos, a terra era mesmo oval e girava em torno do sol. A maioria e a tradição estavam erradas. Não custa nada tentar, pensar, experimentar, para não viver enganado e enganando. Aliás, pensar custa sim, custa bastante para aquela mente que se acomoda em receber tudo pronto: imagem, cor, movimentos, sons, figurino, ambientes e opiniões prontas através da televisão. Tudo já vem interpretado, mastigado, basta se acomodar na poltrona e engolir, nem digestão precisa fazer.

Farei perguntas e ensaiarei respostas. Vou tentar provocar reflexão e crítica, tentar acordar. Você lerá aqui ideias como: “feche os olhos para ver melhor”; “quanto mais você espalha, doa, distribui, mais rico fica”; “Os valentes, fortes, musculosos, autoritários e armados são sempre os mais fracos”; “o poder e a força estão na gentileza, na serenidade e na tolerância”; “Destruir pode ser mais edificante do que construir”; “contrariar-se é a melhor maneira de fazer as próprias vontades” e assim por diante.

O primeiro artigo a ser publicado aqui, na próxima semana, é sobre “O mito do espelho”, referindo-se à ideia de que somos “indivíduos”, “individuais”. Então nesta linha de “in-versões”, de inverter ou verter outra versão, veremos como a dependência é que pode conferir-nos liberdade. Será que eu e você somos mesmo duas pessoas independentes? Sim? Até que ponto? Quais as consequência desta ideia?

Sei que assim parece mesmo estranho, coisa de louco, mas deixe-me explicar. Leia-me, acompanhe-me. Venha comigo medictar.