4 situações que sobrecarregam qualquer pessoa, exceto se ela for mãe

Domingo, dia das mães. Homenagens na televisão e nas redes sociais. Propagandas publicitárias que demonstram mães felizes, tranquilas, rodeadas de amor. O que se repete ano após ano. Mas o que é ser mãe? Quem é “capaz” de ser mãe? Todas que são mães, assim o escolheram? E como é exercer esse papel? Às vezes nos esquecemos, todos nós, que por trás de cada “mãe”, existe uma mulher, existe um ser humano.

No exercício da função de cuidar de um filho, na maioria esmagadora das vezes, a mãe se sobrecarrega de maneiras inimagináveis, e isto está tão incrustado em nossa sociedade que passa despercebido. Para exemplificar foram elencadas quatro situações onde qualquer pessoa se sentiria exaurida, exceto se tal pessoa for mãe:

1. Passar duas noites (ou mais) sem dormir, exercendo atividades durante o dia, sem pausa para descanso, com compromissos extras. Quem não se sentiria saturado? Uma mãe (quando o filho adoece e não dorme, a mãe zela os poucos minutos de sono da criança, sacrificando-se durante horas em exaustão, sendo que efetua outras atividades durante o dia, relacionadas ao filho ou não).
2. Passar horas sem comer por estar totalmente envolvido com atividade delicada que necessita de máxima atenção, de forma a enfraquecer, resultando em tonturas (exemplo quando o filho exige muita atenção, em caso de doenças, por exemplo, as mães distraem-se com o problema em questão e ignoram a própria alimentação e bem-estar).
3. Sentir e ser cobrado a cada instante que tal atividade só pode ser elaborada por você e nenhuma outra pessoa, caso contrário terá falhado no compromisso que assumiu (é exigido da mãe que em todas as circunstâncias ela seja a guia e cuidadora da criança, pois é considerada a responsável maior).
4. Sentir enjôos, tonturas, dor, medo, ver o corpo mudar drasticamente, tudo por conta de uma única situação (quando a mulher engravida lhe é cobrado desde a quantidade de peso que ganha na gestação até o medo que ela possa sentir na hora do parto).

Das mães, espera-se que haja assim, sem reclamar. Certas situações apenas uma mãe poderá vivenciar e metade delas poderiam ser compartilhadas caso a sociedade não a sobrecarregasse com tantos compromissos que afinal, não são somente delas. Geralmente as crianças têm pais, certo? Ou outras pessoas responsáveis, porque tanta cobrança em cima das mães? Um pai que é solteiro é lindo, paizão. Uma mãe que é solteira é descuidada.

Toda mulher tem de ser mãe. Mas tem que se cuidar, não pode ficar gorda durante a gestação muito menos depois. Não deve ter apenas um filho, ele precisa de um irmãozinho. Ah, mas não vai ter filhos demais. E por favor, tenha filhos, uma mulher sem filhos não é completa. Se for mãe precisa fazer tudo direito. Cuidar da criança a noite é responsabilidade sua. Reuniões da escola? Tem que ir, o pai está cansado. Você mãe é responsável por comprar os materiais escolares, outra pessoa não vai saber fazer isso. Se seu filho está doente, muito provavelmente a culpa é sua, não cuidou bem, terá que fazer agora. Se a criança fizer algo de errado a culpa é sua, já que passa mais tempo com ela. Ah se divorciou e ele não paga a pensão? Ué, você não sabia que ele era assim? Já sabe que a responsabilidade recai toda sobre a mulher, é assim mesmo.

Consegue perceber? Da mulher mãe tudo é cobrado, pouco é contribuído, e este comportamento foi naturalizado. Há certa glamourização nesta sobrecarga, e também abandono materno, tendo em vista que o papel de cuidado para com a criança resta apenas para a mãe. Salvo raras exceções. Aquelas que se exaurem e conseguem passar por tal turbulência são consideradas as Super Mães, já aquelas que enfraquecem durante o caminho são as péssimas mães. Esquece-se ou ignora-se que o cuidado com a criança/adolescente deve ser compartilhado. As exigências saturam. Criar um filho não deve se tornar um castigo, e a realidade de várias mães é tão difícil que se aproxima disto.  E não só os pais ou familiares próximos devem ajudar a uma mãe, mas todos nós enquanto sociedade, quando percebermos necessário.

As homenagens do dia das mães são super válidas, elas merecem ouvir e ler coisas lindas, mas, sobretudo, vivenciar. Ou seja, o velho papo de nos reeducarmos para uma melhor convivência coletiva. Mães, reconheço que a tarefa de vocês tem sido árdua, e que também, a responsabilidade não é somente de vocês. Está tudo bem caso você tenha falhado em alguma missão nesse papel de ser mãe, você é humana. Desculpem pela cobrança excessiva, pela perfeição que lhes é exigida. E espero que não somente no dia de ontem tenham lhes mostrado a sua importância e colaborado da melhor forma possível. Parabéns pela garra que, a maioria de vocês tem, em cuidar e proteger as suas crias, passando por situações complicadas e colocando os filhos em primeiro lugar em várias tomadas de decisões. Não esqueçam nunca de vocês, que também precisam de cuidados. Um bom início de semana especial, que seja carregado de tranquilidade e gratidão dos filhos e demais pessoas para com vocês.

E também para os que chegaram até aqui,

Gratidão!