É depressão?
Nos últimos anos ouvimos falar cada vez mais sobre depressão.
Não há quem não conheça um caso de alguém que esteja supostamente deprimido, que esteja fazendo uso de medicação psiquiátrica.
É comum os pacientes chegarem ao consultório já impondo o diagnóstico.
Eu sugiro alguma cautela. Isso porque vejo gente muito jovem, quase crianças, falando em depressão, como se ela fosse uma coisa banal resultante de qualquer tristeza ou frustração.
A depressão real, diagnosticada com seriedade por um profissional, é um transtorno de humor causado por uma deficiência do funcionamento de neurotransmissores. Afeta cerca de 19% da população mundial e costuma ressurgir periodicamente. Há componentes genéticos envolvidos e isso leva a evidências de prevalência da doença em uma mesma família.
Ela pode aparecer da forma mais conhecida: tristeza profunda, perda de interesses habituais, falta de energia, distúrbios do sono (falta ou excesso), queda de desempenho, falta de esperança e incapacidade de reações que seriam consideradas normais. Mas também pode se manifestar através de irritabilidade, agressividade ou dores crônicas sem justificativas médicas.
Além de fatores genéticos, é importante considerar os fatores ambientais. Stress, períodos de luto, grandes perdas materiais ou emocionais podem desencadear o quadro.
O que não podemos esquecer é que a depressão é muito diferente de períodos de tristeza.
Estar triste de vez em quando, por um período curto e por razões específicas não é considerado depressão, mas uma reação natural aos problemas que todos temos. Essa tristeza em geral acaba desaparecendo com o tempo ou em razão de algum estímulo positivo. Caso haja necessidade, o paciente poderá sair desse quadro mais rapidamente buscando psicoterapia ou terapias alternativas que possibilitem uma reação mais rápida.
No caso da depressão, seja ela leve, moderada ou grave, é importante que, além da psicoterapia, o paciente seja acompanhado por psiquiatra. Hoje temos medicações que reequilibram as funções bioquímicas do cérebro, trazendo uma melhora muito grande do quadro depressivo e sem efeitos colaterais muito importantes. Os medicamentos hoje são muito mais seguros do que a 30, 40 anos, quando as pessoas temiam especialmente a dependência física.
É muito importante também que a família do depressivo seja orientada. A doença desestabiliza a todos que não reconhecem mais aquela pessoa com quem convivem. Isso muitas vezes gera reações que pioram o quadro do paciente, além de trazer sérias consequências para os familiares.
Auto-conhecimento e psicoterapia como prevenção são caminhos para detectar a depressão antes que ela se agrave.
Buscar ajuda no momento certo é garantir que o processo se desenrole com maior facilidade.