Por um instante esqueça tudo que já foi dito sobre dor. E, perceba: este é você. E o que você vê? Quais sentimentos estão a tona?

Com frequência, logo quando o paciente entra no consultorio, antes mesmo de falar o próprio nome ele diz o da patologia.
Sua dor, disfunção, limitação… Dificuldades de um processo agudo ou que às vezes perdura cinco, dez, quinze anos…

A dor é um fenômeno químico, físico, sensorial capaz de alertar, cancelar o encontro, atrapalhar o sono, fazer você adiar a viagem, perder fome, a autoestima, o emprego, a voz e a vez. A dor para muitos é um tormento. Quem nunca ouviu um “Eu não tenho medo de morrer, eu tenho medo é de sofrer.”, ou então “Mas isso não vai doer, né?”.

Dolorido falar sobre dor, mas vamos seguindo.

Imaginando que você tem seis anos, a sua primeira bicicleta está na sua frente e num lapso de um segundo: Puuuf! Alguém ajuda! Joelhos ralados, mãos, susto, vergonha! Um adulto corre até você e diz que tudo vai ficar bem… Você sabe que as coisas vão melhorar. Está passando agora, o susto vai indo embora, a vergonha já está ficando lá atrás, resta só aquela sensação de ardência no machucado superficial da pele.

Muitas vezes nós somos estes adultos, só que com jalecos, prontuário na mão, ouvidos e olhos atentos para ver e ouvir.

Esqueça tudo que você já ouviu sobre dor. E, perceba: este é você! E o que você vê? Se a resposta for a criança que precisa de ajuda, não tenha receio. Vá em frente. A dor quer lhe dizer algo. Onde foi a sua queda? Se a resposta for algo mais próximo de “Estou bem agora”, é chegada a hora de seguir. Esteja atento e nunca esqueça que antes de qualquer disfunção, lesão e dor, existe você! Mais intenso, forte e transformador que qualquer doença! Levanta, criança! Não esqueça de continuar! Pedala confiante. Continua!