te

Como filha de agricultores desde cedo, tive de fazer escolhas. Ao mesmo tempo em que vivia em meio à Natureza e em contato com a terra, via também a terra ser destruída pelas mãos humanas. Escolhi a vida, em nome de cada botão que vi florescer, cada banho de rio, cada fruta que colhi e saboreei no pé, cada caminhada na mata. Vi que o caminho era um só: o de reverenciar e honrar a vida em todas as suas formas e manifestações.

Fui para a cidade grande, onde o movimento ecológico passou a fazer parte da minha vida. Conheci mestres e companheiros no caminho. Conheci José Lutzenberger, aquele que se tornou uma referência no amor e reverência por essa grande sinfonia da Vida.

Em pouco tempo, descobri que a cidade não era meu lugar e aos 19 anos fui morar numa comunidade, junto a uma reserva biológica. Em quatro anos, descobri que a natureza supre nossas necessidades e que a simplicidade era meu caminho.

Voltei para a cidade, para o meio acadêmico, com o intuito de compreender o pensamento humano e em pouco tempo vi que só compreenderia a vida através do coração e da conexão com a terra. Voltei ao campo. Dessa vez, fui para um instituto de Permacultura para vivenciar a sustentabilidade na prática e irradiar essas soluções através de exemplos e cursos.

Do Pampa fui para o Cerrado e vivi a Permacultura com todas as suas delícias. Morei em casa de terra e palha, bebi água da chuva, usufruí de água quentinha aquecida pelo sol, saboreei muito alimento local e orgânico, interagi com muitas pessoas lindas no mesmo caminho, compartilhei o que vivi e inspirei muitas pessoas.

Num certo momento, vi que o grande desafio estava sempre nas relações humanas, mas sabia que, como tudo, isso também tinha solução e fui atrás de outras formas de convívio. Nesse caminho encontrei em Tamera – uma comunidade em Portugal, uma nova forma de ver o mundo, num espaço onde a confiança, transparência, amor e apoio mútuo eram a base para o convívio humano.

Ao voltar para o Brasil, percebi que logo encontraria o lugar onde viver em harmonia e amor com a terra e em que as pessoas fossem a base. Encerrei o ciclo no Cerrado e fui viajar e dar cursos na Bahia. No final da viagem, caí em Piracanga com a intenção de ficar uma semana. Logo a terra me chamou e comecei a apoiar a equipe de Permacultura.

O espírito me chamou e me entreguei a um curso de leitura de aura. Entre idas e vindas, resistências e limpezas, surgiu um pequeno ser chamado Kalú Terra que me adotou e me ensinou o amor incondicional, a entrega e serviço a um ser de pura luz e amor. Meu filho me enraizou nessa terra, me tirou a mochila das costas e me fez mergulhar no caminho de reconhecimento de meu próprio ser, no caminho do serviço ao todo, do sentido espiritual e da realização em cada ação do cotidiano. A entrega veio nesse caminhar, assim como o encontro do mestre exterior e interior. Veio também a confiança e aceitação da perfeição da vida e a infinita gratidão pelos instantes vividos.

E o caminho não acaba, tem sido trilhado a cada passo. Piracanga tem me mostrado que podemos viver felizes e realizados, que podemos viver juntos, fortificando-nos mutuamente no caminho do coração e da iluminação completa do ser e me mostra também que quando cada um encontra seu lugar de criação e realiza seus sonhos, o todo se alegra e brilha.

Que é acima de tudo possível.

Que todos os seres vivam felizes, que todos seres vivam em paz e realizem Deus em si, basta acreditarmos que somos seres ilimitados e agir para que isso aconteça.

Sejam bem vindos a esse caminho…