Mão presente, disposta para agir e ajudar , sempre! Reboco grosso …

​O Ano passou muito rápido, porém os braços, pernas e cabeças de nossa equipe não conseguiram acompanhar o acelerar frenético do calendário!

Contrariando o cronograma físico-financeiro inicial, mais alguns meses de obra estão por vir! Renovamos o contrato com o Studio Di Paesaggio, porém alguns ajustes significativos foram feitos no acompanhamento das tarefas e na prestação de contas da obra.

Mesmo sabendo que ainda faltam 30% da obra com os acabamentos, eu só posso e devo olhar para trás e agradecer os últimos nove meses!

Foi uma verdadeira “gestação”, com o resultado concebido pela soma do poder de ação de muitas pessoas, profissionais ou não, ora envolvidos, ora comprometidos! SIM, as coisas poderiam ter sido diferentes, porém as situações e as pessoas são o que são…

Tudo está certo, estamos exatamente no ponto onde temos que estar hoje!

Gratidão Marthita pela paciência elástica _/|\_

 

Sou muito grata a DEUS por me dar saúde, tempo e recursos para poder acompanhar de perto a elevação do nosso LAR DOCE LAR. Aprendendo, dividindo, multiplicando e enriquecendo meu repertório de vida com os múltiplos saberes que envolvem a construção da nossa casa, o que resulta na expansão de alguns limites pessoais, de uma maneira que eu não poderia imaginar…

 

 

Agradeço a Martha minha amada companheira pela paciência elástica, ao legado dos meus antepassados, a mãe natureza que tudo nos dá generosamente e aos “anjos- amigos” que se fizeram presente ao longo da jornada deste ano em Piracaia, tornando toda essa “AVENTURA” mais leve e edificante!

Creio que os dois maiores paradigmas “quebrados” ao longo do ano com a minha equipe de Bioconstrução do Lar Doce Lar foram:

Mostrar para alguns profissionais mais “resistentes” que é possível construir uma casa de terra bonita, com capricho e profissionalismo, aliando o melhor das técnicas de bioconstrução e da construção convencional!

Ter a “cliente-proprietária” trabalhando junto, lado a lado, como parte da equipe e acessível. Isso pareceu ser a maior surpresa e talvez a dificuldade em entender que a bioconstrução propõe a aproximação e a partilha fraterna entre as pessoas, unindo talentos e saberes em prol do objetivo maior, a construção de uma casa o mais sustentável possível (socioeconômica e ambientalmente), de forma colaborativa! Diminuindo distâncias e tornando os ares leves do canteiro de obra,um local alegre para todos, dentro do possível e sempre com bom senso! Como escolhemos uma equipe profissional, porém com pouca experiência em bioconstrução e aos novos “formatos de participação” ,talvez esse tenha sido um ponto divergente, bem diferente do sistema hierárquico da construção convencional.

A fachada agora com janelas:)

Agora temos as janelas quadradas instaladas e a fachada vai ganhando mais cara de “definitiva”!

O reboco fino interno foi feito com a minha ajuda na preparação da goma de polvilho azedo, o que permite “dar liga” nessa massa 100%natural! Após alguns testes, muitos erros e acertos, encontramos a melhor versão para aplicar o reboco fino, de modo que a fachada fique só com a coloração dessa fina camada de reboco, sem que haja a necessidade de pintura e sem fissuras.

Preparando a goma de polvilho do reboco fino.

RECEITA DO REBOCO FINO:   06 baldes de terra +

02 baldes de esterco + 03 baldes de areia

02 baldes de goma *GOMA DE POLVILHO * (panelão de 40 litros de água+  2 kg de polvilho azedo+ 150 ml de vinagre)

 

 

No início de dezembro foi instalado o biodigestor que irá receber e tratar todas as águas dos banheiros (águas negras), traçamos e direcionamos no terreno os dois sistemas de águas cinzas que irão receber as águas oriundas da lavanderia e da cozinha.

Biodigestor, a vistoria das águas foi aprovada!

Uma outra conquista, foi ter a vistoria das águas feita e aprovada por uma arquiteta que presta serviço para a AME (Associação de Moradores da Ecovila). A inspeção teve o intuito de verificar se o sistema de tratamento de águas negras não põe em risco as nascentes de água, por contaminação do lençol freático. Foi averiguado também, a estratégia do nosso sistema de aproveitamento das águas cinzas e como será o reuso das águas das chuvas (que abastecerá as bacias sanitárias e o jardim), porém que ainda não estão ativos.

O forro interno do telhado foi quase todo feito. Os tetos que revestem a parte inferior das lajes foram todos cobertos de gesso. No andar de baixo, onde temos o loft, o piso de cimento queimado, os revestimentos e pisos do banheiro e da cozinha estão quase terminados, o que significa que muito em breve poderemos, pintar e ocupar esse espaço!

Sala e cozinha do loft em fase de acabamento!

 

O fundo limpo e prestes a receber as varas de infiltração do biodigestor…

Para fechar com chave de ouro a minha missão desse ano nesse campo de batalha chamado OBRA, consegui organizar os materiais que estavam na frente e retirar alguns entulhos, além de limpar os fundos do terreno com a ajuda da máquina de terraplenagem, removendo todos os resíduos existentes, onde teremos as varas de infiltração instaladas, de modo que os efluentes tratados pelo biodigestor, em sua saída sejam direcionados e possam nutrir nosso futuro pomar! Dessa maneira evolveremos da forma mais digna o nosso “esgoto tratado” e apto para ser reabsorvido pela terra.

 

As variáveis são infinitas quando lidamos com obras e pessoas, não importando se são construções convencionais ou não! Percebo que os maiores desafios que surgem ao longo do dia a dia da obra estão relacionados a falta de planejamento, falhas de comunicação, desrespeito ao trabalho do outro ou a falta de um olhar do todo, além da forte resistência para aceitar que a bioconstrução é algo novo e que isso significa estar disposto a sair da zona de conforto!

Isso sem falar do que não podemos prever ou controlar, como é o caso das intempéries da natureza, atrasos nas entregas de materiais e as condições de acesso da estrada de terra, pois estamos isolados há 15km da cidade!

O meu maior desafio é ter que depender de um profissional que exerça a liderança técnica da obra “espontaneamente”, sendo capaz de orientar, delegar e acompanhar o desempenho da equipe, além de verificar a qualidade das tarefas realizadas. Em alguns momentos, erros foram percebidos justamente porque algumas dessas ações falharam, muitas vezes gerando desperdício de tempo, material e retrabalho…

Lapidamos nossa estratégia, conduta e acordos, na esperança de que muito em breve possamos atravessar essa ponte que divide “o projeto em construção” da “casa real que viveremos”!

Assim foi a minha vida, cheia de surpresas e aprendizados nesse ano intenso de 2017!

Feliz 2018!!

Venha 2018 renovando e purificando as energias que circulam no Lar Doce Lar! Que a paz, a harmonia, o respeito e o amor estejam presente no coração de cada pessoa que se aproximar desse sonho materializado, mas que por enquanto está em fase de acabamento.

Abraços fraternos e até logo,

Jana Carvalho