Vista lateral do pavimento inferior

Nossa equipe de guerreiros, composta de até 6 pessoas colocando a mão na massa na linha de
frente, em pouco mais de um mês elevou 86m2 de hiperadobe, na área que corresponde ao espaço
para visitantes e meu escritório.
Até o momento, só usamos a terra do próprio terreno, percebemos que por ser argilosa demais,
seria necessário usar um pouco de aglomerante (na proporção 12 de terra para 1 de cimento), tal
como nas primeiras camadas a partir da fundação. Eis uma construção de aprendizados, em tempo
real…
Além de dias intensos, tivemos que enfrentar chuvas que não estavam previstas nessa época, o que
nos fez encontrar a alternativa de trabalhar em alguns feriados municipais, compensando os dias de
intempéries e permitindo o cumprimento de nossas metas. Tudo isso só foi possível graças a
determinação de todo o time e a minha presença como proprietária nos feriados (em cumprimento
as regras da Clareando).
Essa primeira etapa serviu para que todos aprendêssemos como é lidar com o hiperadobe e
entendêssemos a engrenagem que move essa técnica construtiva: MÃOS EM SINTONIA, onde
todos são importantes. Se um colaborador faltasse ou não estivesse praticando a atenção plena a
produção diminuía ou simplesmente não fluía…
Nesse cenário, o espírito de coletividade, entrega e elevação de auto estima de cada trabalhador
oriundo da construção civil ou não, foi acontecendo naturalmente.
Digo isso porque alguns dias eu botei a mão na massa, me juntei aos homens que edificam o nosso
Lar Doce Lar e percebi a surpresa deles em me ter tão próximo, ombro a ombro, passando os
baldes de terra ou abraçada com o saco de raschel!

Trabalhando com a equipe no feriado.

A bioconstrução quebra paradigmas, libera talentos, nos ensina a questionar o consumo
convencional e a diminuir as distâncias impostas pelo sistema! O contato com as matérias prima da
natureza, entre as pessoas e o despertar para O NOVO, torna todos mais fortes, unidos e presente,
além de nos ensinar a valorizar os recursos disponíveis!
Tentamos usar com bom senso e sem extremismo, o melhor de cada uma das técnicas de construção: convencional e bioconstrução!
Agenor, nosso mestre de obras fez uma linda parede com garrafas de azeite e tijolos reciclados (que
pertenciam ao antigo forno de uma olaria da cidade, que foi desmontado)! Ele estava aberto para
inovar, soltou sua criatividade e fez uma incrível composição, resignificando o que seria “lixo”,
numa bela obra de arte. Dava gosto em ver sua alegria e surpresa em contemplar o resultado final,
além do reconhecimento da beleza de seu trabalho por todos que viam sua parede, que poderia ser
só mais uma parede, mas essa era especial!

Agenor e sua arte com as garrafas e tijolos reciclados

O primeiro pavimento está na fase de preparação da cinta para ser coberto pela laje! Isso significa
que estamos na transição com um importante elemento que irá “amarrar” a ala de dois pavimentos
com a ala social, integrando a casa num só núcleo. Finalmente iniciaremos a construção da casa principal, térrea, onde passaremos a maior parte do nosso tempo (quando não estivermos no
quintal).

Em breve a laje irá compor o piso do pavimento térreo…

Passada a ansiedade de começar a elevar as paredes e sistematizar a prática do hiperadobe, surgiu
um senso de urgência de integrar o projeto como um todo, para atender essa demanda de presença
e atenção de forma holística, nos reunimos na obra para discutirmos sobre os próximos passos
quinzenalmente, a Arquiteta Gelissa, o empreiteiro Ângelo, Martha e eu…
Já é possível ver o desenho de todos os cômodos!
Acho que sem querer, criamos uma demanda no mercado da construção de Piracaia, chamada
bioconstrução profissionalizada, afinal de contas essa é a casa dos nossos sonhos e confiamos nos
especialistas que escolhemos para nos amparar, pois não somos da área de construção, por mais que
estejamos aplicadas nos estudos!
Unir os projetos de estrutura, hidráulica, elétrica com as passagens de dutos na laje, respeitando o
projeto de arquitetura, é o próximo desafio.
No longo prazo, temos o Telhado, que tem me tirado o sono: confesso!
Agora que “os bons sapatos” da fundação estão prontos, embora invisíveis por literalmente estarem
enterrados, só me resta focar com boa ênfase em proteger a nossa casa de terra, com um ótimo
“chapéu”.
Até breve!!
Aquele abraço fraterno,
Jana Carvalho