Quando você está imerso numa atividade que é ao mesmo tempo desafiadora, revigorante e significativa, você está experimentando um estado mental chamado de “fluxo”. Pessoas felizes buscam esse “entusiasmo” ou “empolgação”, o que diminui a inibição e promove sensações associadas ao bem-estar. Para que haja ‘fluxo’ é preciso encarar a atividade como voluntária e prazerosa (intrinsicamente motivadora), e ela também tem de exigir habilidade e ser desafiadora (mas não muito), com um objetivo final claro.
O principal autor que teorizou sobre o Fluxo foi o psicólogo húngaro Mihaly Csikszentmihalyi, mas suas palavras também encontram ressonância no oriente, a partir do pensamento do filósofo daoísta Zhangzi, que propõe que a felicidade não é nada além de wuwei (nenhuma ação de oposição, deixar fluir) que é: usando as habilidades e intuição naturais de cada um para fluir com o ambiente. Quando alguém está completamente engajado no que está fazendo, este alguém começa a agir sem esforço e todo o estado mental muda de um “com medo e evitação” para outro com “engajamento e abertura”.
Para se chegar ao estado de “Fluxo”, algumas etapas são necessárias (ou simplesmente acontecem, em dadas pessoas). Tudo começa com um foco claro em mente: você sabe o que quer fazer. A seguir, você faz uma imersão na atividade a que se propõe e tudo o mais desaparece da sua vista, da sua atenção. Não existe nada mais além de você e do que está fazendo naquele instante. Basicamente, o que é necessário é um foco único e intenção. Ao final do fluxo, as pessoas que o experimentam descrevem a si mesmas como completamente satisfeitas.
Em alguns (raros) casos, o estado de fluxo pode se tornar permanente, o que Mihaly Csikszentmihalyi chama de “personalidade autotélica”. São pessoas que vivem continuamente em um estado de permanente foco, atenção e intenção, quase que o equivalente a um contínuo estado meditativo (de consciência desperta), mas associado também a uma ação consciente.
Para Robert Pirsig, autor de “Zen e a Arte da Manutenção de Motocicletas”, “Quando você não está dominado por sentimentos de separação daquilo no qua você está trabalhando, então pode-se dizer que você está “cuidando” do que você está fazendo. Isso é o que cuidar realmente é: um sentimento de identificação com o que se está fazendo”.
Apesar de similares, as visões orientais e ocidentais do fluxo precisam ser diferenciadas em um aspecto essencial: para Csikszentmihalyi o ego aprende a dominar o mundo externo na conquista de uma habilidade desafiadora; para Zhuangzi, existe o “deixar fluir” (wu wei), onde alguém aprende a não interferir na forma como as coisas são. Estas duas perspectivas, na verdade, não se anulam, mas se tornam complementares, pois enquanto uma foca na força e no controle, outra no “praticar sem esforço”.
Nas pesquisas de Csikszentmihalyi, seis fatores relacionados ao fluxo puderam ser caracterizados:
- Uma concentração intensa e focada no presente
- Mistura de ação e consciência desperta
- A perda de uma consciência auto-refletida
- Uma sensação de controle pessoal ou agenciamento sobre a situação ou atividade
- Uma distorção da experiência temporal
- Experiência da atividade como intrinsicamente recompensadora, também referida como experiência autotélica.
Os estados de Fluxo, a capacidade de repeti-los ou vivê-los continuadamente, estão intensamente associados à sensação de bem-estar. Estude-os, busque-os. Encontre o que gosta de fazer e faça, de forma focada e intencional. E seja feliz.
Leituras:
1.https://www.pursuit-of-happiness.org/science-of- happiness/getting-in-the-flow/
2.https://www.pursuit-of-happiness.org/science-of- happiness/getting-in-the-flow/flow-links-to-daoist-philosophy/
Vídeo:
– https://www.ted.com/talks/mihaly_csikszentmihalyi_on_flow? language=pt-br
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