Eis aqui um fato conhecido por todos: assim que são colhidos, os alimentos iniciam seu processo de decomposição, e o transporte desses produtos perecíveis aumenta ainda mais a velocidade com que isso acontece. Mas, então, o que fazer?
Na Europa e nos Estados Unidos uma prática tem se tornado bastante comum: o locavorismo. Você já deve ter visto na internet várias postagens e imagens com frases como eat locally (algo como “coma coisas locais”), e é justamente disso que se trata. Muitas pessoas, preocupadas com questões que vão desde a qualidade dos alimentos até a saúde e benefícios econômicos, pararam ou diminuíram ao máximo o consumo de produtos produzidos a grandes distâncias de onde moram, e optaram por consumir aquilo que era produzido em suas comunidades.
Claro, nem sempre em nossas cidades vamos encontrar quem produza todas as frutas, verduras e carnes que consumimos, e por isso mesmo há brechas. Nos EUA, por exemplo, muitos grupos de locavoristas consideram “local” produtos cultivados, por exemplo, em um raio de até 400 km.
Mas você deve estar se perguntando quais são, afinal, os principais pontos positivos dessa prática – e porque vale a pena abrir mão de comprar nas grandes redes de supermercados alguns produtos.
Pra começar, vamos falar brevemente da questão da sustentabilidade: quando você vai ao supermercado e compra um quilo de maçãs, por exemplo, pode até saber, mas muitas vezes se esquece, que essas maçãs foram cultivadas em uma região fria que muito provavelmente não é onde você mora, foram irrigadas com agrotóxicos e tiveram que ser transportadas por horas ou mesmo dias até sua cidade, gerando poluição através de gases nocivos sem contar os próprios agrotóxicos.
Outro ponto importante é a possibilidade de uma maior fiscalização individual sobre os produtos orgânicos, uma vez que são produzidos perto de sua casa, e você pode até mesmo visitar o produtor e obter maiores informações.
Em muitos lugares do mundo, locavoristas, por serem muitas vezes vizinhos, reúnem-se para trocas de conhecimentos e alimentos. Isso pode ser um pouco difícil se você mora em uma grande cidade, por exemplo – mas uma boa solução é visitar as feiras de pequenos produtores. Dessa forma, você também estimula a economia local, ajudando no desenvolvimento social de sua comunidade.
Se você ler com cuidados os três argumentos citados acima, vai notar que tocamos em três fatores importantes: ambiental, social e econômico. Por que isso importa? A ONU têm debatido desde a conferência RIO-92 o que recentemente chamou de “os três pilares para o desenvolvimento sustentável de países”: justamente os que acabaram de ser citados.
Se você ficou interessado, não precisa sair catando um hectare de terra na zona rural de seu município: visite as feiras locais, fale com seus vizinhos e amigos; você pode até começar substituindo às vezes (sugerimos definitivamente!) a cerveja popular por aquela artesanal feita pelo cara que mora no final da sua rua. Se você quiser e procurar, vai encontrar um sem-fim de opções.
Nós do Medictando acreditamos no poder de transformação de pequenas atitudes, e é com essa finalidade que estamos iniciando essa subseção dedicada exclusivamente ao locavorismo. Fique atento, vai ter muita coisa bacana pela frente!
Fonte da imagem: Free-Photos/Pixabay.