Crianças muitas vezes tem dificuldades em se comunicar e expressar exatamente o que estão sentido, e todos nós já passamos por isso. Muitas vezes elas encaram como “normal” todo um turbilhão de coisas que estão acontecendo em suas mentes, e por isso nem sequer cogitam pedir ajuda. Outras vezes, por não entenderem bem o que há de errado, tentam resolver tudo sozinhas, do seu jeito. Do nosso jeito, quando éramos crianças.
Mas um dia ficamos mais velhos, e então nos damos conta de que o que estivemos combatendo por tanto tempo era nossa ansiedade, e apenas não havíamos prestado atenção nos sintomas – nem mesmo os adultos que nos cercavam. Mas todas as crianças dão sinais de que alguma coisa não está certa, e a lista abaixo elenca 14 frases muito comuns, quase ordinárias, mas que são códigos para “eu estou ansioso(a)”.
Frases que são sinais de ansiedade em crianças
1. O que há de errado comigo?
“Nem eu e nem meus pais sabíamos que eu sofria com ansiedade. Eles apenas pensavam que eu estava fazendo drama enquanto eu me acabava chorando, pedindo: ‘O que há de errado comigo?’ Eu falava muito, era uma caixa de som, e o meu silêncio era um sinal de que minha ansiedade estava em pleno andamento.” – Kylie L.
2. Estou cansado(a)
“Sofri com distúrbios do sono durante muito tempo quando criança. Todo o processo que compreendia ir à escola, passar o dia tentando não ser intimidada e voltar para casa, sempre foi mentalmente ensaiado na noite anterior. A partir da quarta série comecei a consultar a assistente social da escola para desenvolver planos para me auto-acalmar e manter meus pensamos ansiosos sob controle. Foi por volta de quarta série que eu comecei a ver assistente social da escola para criar planos de auto-acalmar e manter os pensamentos ansiosos sob controle, e então dormir passou a ser uma coisa com a qual não precisei mais me preocupar.” – Julie A.
3. Estou com dor de cabeça
“Era comum eu usar a desculpa de que estava doente para não ir à escola. Eu não sabia que sofria com ansiedade naquela época, mas hoje faz sentido quando paro e olho para trás. Não era apenas preguiça.” – Ada T.
“Não é difícil de perceber que alguma coisa física estava acontecendo devido a uma coisa invisível.” – Joanna L.
4. Me desculpe
“Eu me desculpava com frequência por coisas que não tinham a menor importância, ou então simplesmente não interagia de forma alguma. Ainda hoje tenho alguns reflexos disso e me desculpo sem necessidade, além de ficar quieta em momentos difíceis.” – Teresa R.
5. Nós não podemos ficar em casa?
“Eu detestava sair de casa, porque o barulho me incomodava. Ainda hoje é um desafio manter o equilíbrio, mesmo depois de adulta.” – Elyse B.
6. Faça você
“Era super difícil pra mim fazer pedidos de comida, então eu sempre pedia para quem estava comigo fazer o pedido e lhe dizia o que eu queria.” – Becky B.
7. Já é hora de ir embora?
“Eu sempre queria ir embora, porque multidões, ou até mesmo mais do que duas pessoas, sempre foram um gatilho para minha ansiedade. Eu não conseguia permanecer até o fim de qualquer tipo de evento.” – Shannon C.
8. Não me deixe
“Eu ficava muito ansiosa com a ideia de que eu poderia ser abandonada quando criança. Eu achava que as pessoas me abandonariam se eu não fosse boa o suficiente, e isso seria minha culpa.” – Jennifer P.
“Quando meus pais queriam me deixar em algum lugar, eu lhes implorava que não o fizessem, porque eu ficava super ansiosa. E quando eles não me pegavam na casa de quem ficava cuidando de mim enquanto eles saíam na hora exata em que haviam combinado, eu ligava para eles incessantemente até me atenderem.” – Riley S.
9. Eu quero ir para casa
“Eu falava isso para o meu pai toda vez que ele me levava para a casa da minha mãe, e ele ficava super confuso.” – Megan G.
10. Você pode deixar a luz do corredor acesa durante a noite?
“Durante anos convivi com o medo de que alguém entraria em meu quarto durante a noite para me sequestrar. Mas luz também não ajudava. Eu me revirava na cama por até duas horas até pegar no sono. E ainda hoje não consigo dormir direito.” – Laura R.
11. Não me obrigue
“Eu dizia isso para os meus pais todas as manhãs quando eles me chamavam para ir à escola.” – Josephine C.
12. Não me sinto confortável com meu corpo
“Eu costumava dizer: ‘meu corpo não é confortável, meu corpo não é confortável!’ Naquela época eu não fazia ideia do que estava acontecendo, mas anos depois eu descobri.” – Barb S.
13. Eu não estou me sentindo bem
“Ou mais especificamente: ‘estou com dor de barriga’. Ainda hoje meu estômago e meus sentimentos estão profundamente conectados.” – Carrie M.
“Minha barriga dói. Eu me lembro de me mandarem ir para casa várias vezes porque eu estava me sentindo mal e ninguém sabia o que havia de errado comigo. Mas era só eu chegar em casa que eu ficava bem. Obviamente eu não poderia diagnosticar a mim mesma com ansiedade.” – Rebecca R.
14. Eu não quero!
“Meu filho de 10 anos de idade sofre com ansiedade, e ele raramente tem vontade de experimentar alguma coisa nova. Ele fica afagando seus calcanhares e pensando em todas as desculpas possíveis para não precisar fazer qualquer coisa diferente.” Reba S.
Os pais devem estar atentos
Para Lane Lucena, psicanalista infantil e colunista no Medictando, as crianças tem dificuldades de expôr o que estão sentindo de forma sucinta, e cabe aos pais e/ou cuidadores observarem com atenção o comportamento das crianças sob sua tutela. Mas em algumas fases do desenvolvimento infantil este cuidado deve ser reforçado: “Diante de situações vividas como o desmame, desfralde, entrada na escola, separações de entes queridos, mudança de escola ou cidade, perdas, ou doenças clínicas por exemplo, podem ocorrer manifestações de ansiedade ou de ordem psíquica”, explica Lane.
Ao observar sinais que não são compatíveis com o comportamento normal da criança, é possível saber se ela precisa de atenção ou tratamento psicoterápico. Estes sinais não se resumem apenas em frases, como as que elencamos. Para Lane, “alterações no sono, atenção, humor, gagueira, sexualidade excessiva, isolamento social, compulsão alimentar, choro fácil, agressividade, dificuldades de aprendizagem, problemas com a falta de limites, irritação, atitudes obsessivas como roer unhas, timidez excessiva, enurese e medos podem ser sinais de ansiedade ou desordem psíquica”.
A infância é uma das fases mais importantes do desenvolvimento humano, e as marcas de uma passagem tranquila ou não, serão visíveis para o resto da vida. Ter tato e não ignorar os problemas de nossos pequenos, pode fazer toda a diferença.
E você, já passou por algo do tipo? Conte pra gente, deixe um comentário.