Sempre procuro alertar aos pacientes que a terapia vai mudá-los, e para melhor. Mas melhor para quem? Claro que para o próprio paciente!
Isso significa que, muitas vezes, as mudanças ocorridas no comportamento, nas reações e maneiras de pensar acabam provocando estranheza nas pessoas com quem ele convive. E é nessa hora que o boicote começa!
É muito comum ocorrer em todas as relações mas, especialmente, de pais para com filhos e entre os casais.
São pais que dizem ao filho que, ao invés de melhorar, ele está piorando.
São cônjuges que torcem o nariz para as novas atitudes do parceiro.
E, quanto maior a mudança, mais forte o boicote. Há os que batalham com discursos anti-terapia, chegando a fazer ameaças do tipo “a terapia, ou eu!”. E há também os que usam o poder ou argumentos econômicos, falando do alto custo, do tempo de duração, etc.
Mas o pior dos boicotes ainda é o do próprio paciente, que reage muitas vezes de forma assustada às alterações do próprio ser, das próprias percepções. É um não querer enxergar onde está a causa dos problemas, o que causa o mal-estar. Ao procurar um psicólogo, você precisa estar preparado para enfrentar o que vier! Nenhum profissional vai deixar de te levar a pensar no que é preciso. Sem isso, o processo terapêutico perde sua função.
Portanto, fique atento às próprias reações e às daqueles com quem você convive, e mantenha o foco no que interessa: o resultado que você espera, uma nova luz em seu caminho, o abandono de todas as amarras.