Salve a vida de diversas pessoas pulando de um barco junto a sua irmã e nade por três horas no Mediterrâneo (deixando a Síria). Yusra Mardini, nadadora olímpica. Faça como uma menininha.
Seja filha de uma empregada doméstica de Guarulhos com 7 irmãos, se apresente nas olimpíadas ao som de Beyoncé e seja ovacionada pelo público. Rebeca Andrade, ginasta. Faça como uma menininha.
Cresça em meio à guerra de Kosovo, seja judoca e conquiste o ouro olímpico em 2016, na categoria até 52kg. Kosovo não é reconhecida pela ONU, a vitória da judoca fez subir a bandeira do país numa olimpíada. Simbólico e político. Majlinda Kelmendi. Faça como uma meninina.
Supere o “rei do futebol” Pelé e faça 98 gols vestindo a camisa amarela, tornando-se a maior artilheira da história da seleção. Marta Vieira da Silva Viega, detentora de cinco troféus de Melhor Jogadora do Mundo. Faça como uma menininha.
Seja da seleção feminina de ginástica e vá a final dos jogos olímpicos. Faça como uma menininha.
Seja do time de vôlei feminino e vença. Faça como uma menininha.
Seja do time de handebol feminino e vença. Faça como uma menininha.
Seja do time de futebol feminino e vença. Faça como uma menininha.
Seja uma mãe solo que dá conta de cuidar de um ser humano em desenvolvimento sozinha.
Seja uma mulher que sofre assédio no ambiente de trabalho/escolar e segue com os seus afazeres (denuncie!).
Seja uma mulher que rompe com um relacionamento abusivo.
Faça parte do time que tem que lutar por direitos cotidianamente, até por aqueles que já estão postos.
Faça como uma menininha.
Se formos conversar com cada mulher habitante deste planeta obteremos uma intrigante história. Independente da qual for. Cada uma de nós passa por circunstâncias peculiares e inerentes a nossa qualidade de ser mulher. Com diferenciados níveis de sofrimento, de conhecimento e consciência, vidas e vidas. Seja mulher, no âmbito mais plural que a palavra permitir, e, por favor, que tal respondermos a altura? Façamos como uma menininha. Assim vamos bem, vamos muito bem.