Dar colo e atenção? Amamentar em livre demanda? Acalentar na hora do choro e embalar na hora de dormir? Uma criação baseada em carinhos, beijinhos, abraços, aconchego e muito afeto. Indo contra a ideia de que atenção demais torna os pequenos mais dependentes e até mimados, a criação com apego prega que fortalecer o vínculo emocional com os filhos, colabora para que eles cresçam mais seguros, empáticos e felizes!
Para percebermos a forma como as primeiras experiências contribuem para moldar a pessoa que somos, é importante entendermos como funciona a nossa memória, que para esse efeito pode ser dividida em dois tipos diferentes: a memória explícita e a memória implícita.
A memória explícita é aquelas que usamos quando temos a noção de que precisamos nos lembrar de alguma coisa. Por exemplo, se alguém perguntar o meu número de telefone, sei que preciso buscar essa informação em minha memória e faço conscientemente.
A memória implícita é aquela que usamos diariamente sem ter noção de que estamos usando. Cada vez que andamos, não precisamos pensar como vamos fazer para levantar a perna ou que pé iremos usar primeiro, porque isso já foi aprendido e memorizado.
Então a grande diferença entre a memória implícita e a memória explícita é que na primeira não temos consciência de que estamos usando a memória, na segunda fazemos de forma consciente. É na nossa memória implícita que ficam armazenadas todas as experiências importantes que temos nos primeiros anos de vida.
Se um bebê tem repetidamente a experiência de se sentir seguro, protegido e acolhido, é isso que irá interiorizar na sua memória implícita, e esta guardará a experiência de viver num mundo onde as pessoas são de confiança, onde aquilo que ele faz ou diz conta, e onde aprende que as suas ações são válidas e têm a capacidade de mudar alguma coisa. Se, pelo contrário, o bebê se sente constantemente desprotegido, sente que seu choro nunca é atendido e que não há alguém que o ajude a lidar com o desconforto, então aquilo que fica registrado na sua memória implícita é que o mundo é um lugar hostil, onde as pessoas não são de confiança e onde os sentimentos ou as vontades têm pouco ou nenhum peso.
Por isso, ame, abrace, beije, pegue no colo o seu filho, estreite os vínculos, olhe nos olhos, demonstre que ele tem um ambiente acolhedor, que valida seus sentimentos, que quando ele chora (única comunicação dos bebês) ele será atendido, levará essa experiência por toda a sua vida.
Tem dúvidas se todo esse carinho vai criar uma criança mimada? Continue acompanhando a coluna que logo falaremos sobre a diferença entre mimar e dar afeto.