O cérebro de um bebê nasce com milhares de possibilidades, e, ao mesmo tempo, é como se os bebês nascessem também com uma necessidade de avaliar o ambiente onde vivem para poderem adaptar-se a ele da melhor forma possível. Se o ambiente é hostil, sem ligações afetivas, de contatos amorosos, então o cérebro do bebê nunca terá a oportunidade de estabelecer essas ligações neuronais que são ativadas quando existem trocas emocionais com outras pessoas.
Um bebê que foi repetidamente deixado a chorar sozinho e que nunca teve a oportunidade de sentir um adulto como uma fonte de conforto ou prazer é um bebê que nunca teve a oportunidade de usar e desenvolver essa parte do cérebro. E como já vimos o ser humano nasce com uma necessidade vital de estabelecer relações, então esse bebê, na ausência dessas relações de proteção e carinho, avalia o seu ambiente como sendo altamente estressante e ameaçador.
Nesse caso o organismo faz adaptações para se proteger da melhor forma possível, e essas adaptações podem ser tão profundas que levam ao bloqueio dos instintos mais básicos de estabelecimento de vínculos.
Gostaria de usar como exemplo o sono do recém nascido, quando deixamos o bebê chorando para que ele aprenda a dormir sozinho, e no início ele chora muito, mas, depois de algum tempo acaba por “funcionar” e o bebê adormece sozinho, o que aconteceu não é que o bebê desenvolveu a habilidade de dormir sozinho, ele simplesmente desistiu de tentar criar um vínculo, uma conexão.
As nossas primeiras experiências na infância sobre afeto são as mesmas que levaremos para a vida adulta, ou seja, se aprendemos a desvalorizar as emoções ou a não demonstrá-las, é natural que levaremos para nossa vida adulta.
Em uma pesquisa realizada na Romênia com crianças que moravam em instituições e que pela quantidade de funcionários não foi possível criar um vínculo de afeto com adultos, eram visíveis atrasos graves do ponto de vista motor, cognitivo e afetivo, e isso não ocorria por questões genéticas, mas sim devido às condições lastimáveis em que essas crianças haviam crescido.
Com certeza uma das mais recentes descobertas da ciência foi o fato de que, o que faz o cérebro crescer é amor.
O apego é o vínculo, a conexão, através da relação que estabelecemos desde que nascemos com nossos pais. É importante ressaltar aqui que o apego não está relacionado ao amor, pois todos os pais amam os filhos, mas o apego se refere a como nos relacionamos com nossas emoções e com as emoções que nossos filhos afloram em nós, em como geramos conexão, através do contato físico, do olhar, do carinho e da percepção das necessidades deles.