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Recentemente passei por uma situação envolvendo a saúde de uma pessoa muito próxima, ocasionando correrias e sustos que culminaram em uma cirurgia grande. Felizmente, todo receio com relação a isso se mostrou infundado. A cirurgia foi um sucesso, o paciente recebeu alta e, após uma semana, aguarda a retirada dos pontos com empolgação.

Frequentemente, essas situações de sobressaltos fazem com que se ative o sistema de alarme do nosso organismo. A tendência é responder tudo no modo automático, pois a carga de estresse libera hormônios que nos deixam com a atenção voltada para o foco no assunto em questão. Tudo o mais perde a importância. E o sistema límbico toma conta.

Olhando de forma objetiva, a situação era ótima: o problema detectado a tempo; uma grande equipe disponível para a cirurgia, com médicos de referência; um hospital completo que atende a todo o estado. Família por perto. A retirada de um órgão que não é vital. Por que haveria de dar algum problema? Simplesmente, porque problemas acontecem. Mas acontecem em qualquer situação – e, em geral, de menor perícia do que esta. Logo, não nos compete pré-ocuparmos disso. Então, de onde vem tanta coisa?

A cirurgia de um bisavô, que após iniciada, foi cancelada, por considerarem a situação inoperável (ocorrida há 40 anos!). A possibilidade de o pior acontecer, e a pessoa amada faltar. Perdas recentes e ainda não digeridas. Família é tanta coisa. E toda essa carga de história e emoção é recordada a cada situação que se segue. Cada um de nós, quando enxerga o mundo, põe os óculos da sua bagagem de vida. Todo esse universo interno gera expectativas e projeções sobre eventos com base em coisas que muito provavelmente nunca se repetirão.

É preciso dissociar o que é experiência acumulada daquilo que é, apenas, uma lente suja, trincada, traumatizada. Uma memória torta de algo que não saiu bem, mas que é exceção. Nosso cérebro quer buscar padrões, mas todo evento desse caminho que chamamos vida é inédito. Nunca aconteceu antes, nem vai acontecer de novo. Temos é que assegurar que fizemos o melhor possível, e a partir daí, cabe confiar. A partir do momento que entendemos isso, fica mais fácil abrir mão dos padrões que nos fazem exercer essa futurologia má e deixar para a vida em si qualquer surpresa que ela venha trazer.

 

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