Vai chegar o momento em que a divisão e a separação serão inevitáveis. Por enquanto, algumas gentes ainda têm trabalhado por coisas como inclusão, igualdade, direitos, humanidades. Mas, esse espaço vai chegar ao fim e a exclusão vai acontecer naturalmente.
Não estou falando das diferenciações tão superficiais que nos prendem00 hoje. Negros, deficientes, pobres, homossexuais, indígenas, dependentes químicos, etc. Esse tipo de preconceito será superficial. Não vai ser isso que vai fazer a diferença. Hoje faz porque ainda estamos no fundo. Ainda estamos raspando o tacho.
A exclusão em questão terá um único fator determinante: o Amor.
Não importa se é negro, se é branco, homossexual, se tem dinheiro, se está desempregado, se bebe cachaça ou se é casado com uma mulher cristã e tem um menino e uma menina. O que importará será a capacidade de amar. Pode ser negro. O que será medido será o “peso” do seu coração. Pode ser doutor em astrofísica pela Nasa. Só vai depender do que tiver para oferecer de verdade. Pode ter um belo discurso, fazer caridade ou participar de movimentos sociais. Só ficarão as escolhas práticas na balança.
A fé.
Mas não essa fé num ~altíssimo, santíssimo, soberaníssimo, chiquerríssimo, excelentíssimo~. O divino só nos parece extraordinário hoje porque está lá lonjão. Naquele alto inatingível. Fora. Por isso acaba sendo divino.
Onde mora o extraordinário?
Temos aqui todas as possibilidades de irmos além das intenções. De fazê-las realidades. De colocar o coração. Mas, para isso, até o mais nobre coração precisará de coragem. Precisará ter certeza de não estar sozinho. E essa certeza só vem quando conseguimos enxergar as milhares de conexões. São os olhos de ver…
Coragem. Conceito bastante subjetivo que não nos cabe medir. Ela é feita de circunstâncias. Portanto, não há que se preocupar em saber se este ou aquele é corajoso ou covarde. Cada um sabe da sua estrada, que é íntima, pessoal e intransferível.
É difícil explicar essa questão porque estamos falando de algo que desconhecemos. Porque desconhecemos o Amor. O que a gente conhece hoje são fragmentos dele. Possibilidades de vivê-lo. Algumas poucas de suas faces. Portanto, reconheço que estou falando bobagem para quase todo mundo. Mas é o que posso fazer hoje.
Essa exclusão não terá como base o maniqueísmo, único paradigma que temos como possível atualmente. Até porque desamor não é sinônimo de ódio. Incapacidade de amar, idem. Falta de vontade de sentir amor também não. Ódio é só uma das possibilidades.
A exclusão será natural porque disso dependerá a sobrevivência. O círculo perfeito não poderá se quebrar e todas as peças que não tiverem ao menos uma das conexões possíveis, não conseguirão entrar ainda que tentemos forçar sua inclusão.
O círculo já está bem grande. As mãos estão se encontrando dia após dia. As reconexões ocorrem aos milhares por segundo. É lindo de se ver. O processo está bastante acelerado. E não há outro caminho: ele é necessariamente coletivo, embora a caminhada até ele seja individual.