No decorrer dos dias com quantas notícias sobre crimes de ódio nos deparamos?
Quantas vezes você se imaginou no lugar das vítimas?
Quais são os grupos mais atacados?
Mulher? LGBTTTs? Negros? Quem? Quantas vezes já morremos hoje?
Quando surge uma notícia dessas, algo mais comum do que gostaríamos, logo me coloco no lugar. Mulher e feminista sou um alvo (favor clicar no link da notícia abaixo)[1]. Logo, devo refletir sobre o que digo e o discurso que apoio. Já passou da hora de deixarmos a hipocrisia e mesquinharia de lado. Fazer esforço para enxergar o mundo como ele foi, é e será, e assim nos aliarmos a quem realmente nos abriga e deixar para trás aquilo que nos prende e ameaça. Quem não entenda, me procure. Quem precisa de ajuda, me procure. Quem se sente perdido, me procure. Quem se ofende/revolta com as falas que reprovam o preconceito, a discriminação, o ódio, que induzem a coragem e ao empoderamento daqueles que sempre foram oprimidos: sinto muito, por você, e por quem tem de conviver contigo.
Dia após dia pessoas grupos de pessoas morrem por ser quem são, enquanto quem sempre teve privilégio reclama pelo pouco espaço que as minorias conseguem com muita luta.
Nós morremos todos os dias. Quando cruzar fronteiras e mares é necessário para se ter um pingo de vida digna, pessoas morrem, nós morremos. Quando o medo de sair de casa e ser atacado é gritante, pessoas morrem, nós morremos. Quando vamos dormir com medo de alguém que amamos não voltar para casa, simplesmente porque se arrisca a viver…
“Um atirador invadiu uma boate gay, em Orlando, nos Estados Unidos, e abriu fogo contra os frequentadores da casa, na madrugada deste domingo. Conforme a CNN, pelo menos 50 pessoas morreram e 53 pessoas ficaram feridas. O número de vítimas ainda não foi confirmado. A polícia afirma que o suspeito foi morto e identificado como Omar Saddiqui Mateen.[2]”
“O pai do homem que atacou uma boate de Orlando, no estado americano da Flórida, neste domingo, causando a morte de 50 pessoas, disse acreditar que o filho foi motivado por seu ódio aos gays, e não por sua religião, muçulmana.[3]”
Não aguentamos mais falar sobre mortes, tragédias, ódio. Não agüentamos mais a cegueira proposital, muito menos a indignação coletiva.
Enquanto houver homem feito atirando na cabeça de criança de 10 anos, haverá quem clame contra. Enquanto houver homem que se considera no poder de agredir a sua esposa/namorada/parceira, haverá quem clame contra. Enquanto houver essa hierarquia de poder que permite abusos a grupos menos privilegiados, haverá quem clame contra. Podem tentar quebrar, estamos acostumados a nos remendar e seguir em frente. E estamos nos unindo.
Para nos dar uma fagulha de esperança, na foto, vemos a fila de pessoas para doar sangue para as vítimas do ataque a boate gay em Orlando.
Luto, por aqueles que se foram, e também para os que ainda estão aqui.
[1] Jovem morta após festa é enterrada em São Pedro, polícia comenta o caso. Segundo informações posteriores, Rayzza era femnista, e foi morta por este motivo. Alguns homens comemoram a notícia na internet. < https://g1.globo.com/rj/regiao-dos-lagos/noticia/2016/05/jovem-morta-apos-festa-e-enterrada-em-sao-pedro-policia-comenta-o-caso.html >
[2] Retirado do link: < https://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/mundo/noticia/2016/06/atirador-invade-boate-gay-em-orlando-e-deixa-mortos-e-feridos-5960115.html >
[3] Retirado do link: < https://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2016/06/pai-de-atirador-diz-que-o-jovem-ficava-nervoso-ao-ver-gays-se-beijando-5963149.html >