“Perdoa e esqueça”. Se fosse simples assim….

Mesmo que pareça como um conselho, essa frase dá a entender que perdoar é algo fácil. Então quando você ainda está sentindo raiva ou dor depois de ter sido machucado por alguém, é fácil de se perguntar o porquê de você estar se sentindo assim. Na tradição “Mindfulness” perdoar os outros é a prática de se libertar e de libertar eles de sofrer, fazendo isso através da prática da compaixão. É reconhecer que a dor que você sente por conta de outra pessoa tem a sua raíz no sofrimento dessa pessoa. É entender que enquanto nós somos vítimas do sofrimento causado pelos outros, eles também são vítimas desse sofrimento. Embora isso nunca justifique abuso ou violência, entender a raiz do sofrimento pode te ajudar a entender melhor o processo de perdão e gradualmente oferecer uma liberdade espiritual e emocional pra você que está perdoando.

Em uma pesquisa recente, o perdão está associado com um alívio do estresse psicológico melhorando patologias como a ansiedade, raiva e depressão. Em publicações científicas o perdão é definido como o processo de desistir da vingança, dos ressentimentos e de julgamentos duros contra a pessoa que causou dor e, ao invés de perpetuar todos esses sentimentos ruins, responder com gentileza, compaixão e generosidade. Pode até ocorrer uma reconciliação entre a pessoa que ofendeu e a ofendida.

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O perdão é um processo. As vezes ele é rápido e às vezes leva uma vida toda para acontecer. O que varia na nossa vida é como e porque deveríamos perdoar. Qual é o benefício de perdoar ao invés de carregar mágoas? Em estudos publicados em 2001 no Journal of Behavioral Medicine, pesquisadores exploraram conexões entre pessoas que perdoam e sua longevidade – a pesquisa durou três anos. Mais de mil norte-americanos homens e mulheres em uma faixa etária de 75 anos de idade foram entrevistados sobre suas filosofias de vida e suas práticas de perdão com os outros. Entre algumas as medições, o perdão era visto como uma condição expressa através de frases como “Antes de eu perdoar os outros eles devem se desculpar comigo pelas coisas que fizeram” ou “Antes de eu perdoar os outros eles devem prometer não fazer isso outra vez”. Resultados desse estudo revelaram que essa prática de perdoar através de determinadas condições está ligado com um maior risco de morte.

Existem muitas razões que podem provar isso – que requerem mais estudo – mas pesquisadores de Toussaint, Owen e Cheadle suspeitam que isso pode ter a ver com os impactos psicológicos e físicos de esperar. Pré-requisitos para o perdão não são possíveis: o ofensor pode não estar mais vivo, você pode não ter mais contato ou até mesmo não conhecer ou concordar com a perspectiva do outro. Com mais pesquisa, a equipe de pesquisadores encontrou três estatísticas significantes para servirem de mediadoras entre o perdão com condições e a mortalidade: efeito depressivo, sintomas somáticos depressivos e a saúde física, a mediadora mais forte. O que isso quer dizer? Que o perdão quando é feito somente a partir de condições particulares possui um impacto negativo na saúde físico, que pode acabar tendo um impacto na mortalidade. Perdão incondicional – a prática de perdoar com compaixão – pode reduzir a depressão e também moldar o seu bem-estar físico, o que reduz as chances de mortalidade. Lembre-se: o perdão é um processo único para o indivíduo mas ele é uma prática universal que pode ajudar a diminuir a resistência ao perdão.

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